sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Brasileiros na fundação de Nova Iorque

Este ano estamos comemorando 357 anos da imigração judaica nos Estados Unidos e essa história inicia-se no Brasil.
Pouca gente sabe disso e parece que os americanos não fazem muita questão de divulgar esse episódio de sua história, mas  Nova Iorque foi fundada, na verdade, pelos holandeses como Nova Amsterdã em 1654 com recursos emprestados por judeus brasileiros do Recife.

Como se sabe, naquela época parte do nordeste brasileiro estava sob domínio dos holandeses (esse período durou de 1630 a 1654) que eram bem mais tolerantes do que os portugueses, católicos e sob o jugo da Inquisição, e assim os judeus puderam prosperar durante esse período.
A primeira Sinagoga das Américas, chamada Kahal Zur Israel, foi construída pelos judeus de Recife.

Foi justamente nessa Sinagoga, situada à rua do Bom Jesus, que durante reformas realizadas pela Fundação Safra foram descobertos documentos que provam o empréstimo de valores aos holandeses que sob a liderança do capitão Peter Minuit dirigiram-se a América do Norte com o intuito de fundar uma colônia. Além disso, 23 judeus do Recife embarcaram no navio de Minuit e imigraram para a nova colônia holandesa.
Peter Minuit

Dez anos depois, porém, quando a Nova Amsterdã já contava com mais de 500 habitantes e já havia se desenvolvido consideravelmente, ela foi atacada e tomada pelos ingleses que empurraram os holandeses para o as zonas rurais (até hoje há riquíssimas famílias de origem holandesa naquela região) e mudaram o nome da cidade  para Nova Iorque.
A história da contribuição judaico-brasileira para a fundação da maior e mais famosa cidade americana ficou relegada à obscuridade por vários séculos porque durante a conquista os ingleses destruíram edifícios públicos e queimaram os documentos, somente emergindo do passado quando descobertas arqueológicas importantes ocorreram na citada Sinagoga no Recife.
Vista externa da Sinagoga

A Sinagoga após a reforma

Por hora, meus bons marujos, era o que o Capitão tinha para contar. Estarei de volta ao mar na próxima semana para continuar a história dos grandes piratas, falando sobre o lendário capitão Bartholomew Roberts.
Até lá! Boa sorte a todos!. 

domingo, 2 de outubro de 2011

Henry Morgan, o demônio do Caribe

Hey Ahoy!
Como é bom estar de volta ao alto mar para mais uma aventura com meus bons marujos!
Nesta viagem quero falar sobre um grande irmão pirata que muito aterrorizou as águas e terras do Caribe e outras paragens do Oceano Atlântico.
Foram muitos os capitães piratas que abriram com suas espadas e canhões seus caminhos pelos mares da história. Vou tentar, ao longo de nossas jornadas, falar de todos eles, mas hoje dedico minhas palavras ao bravo capitão Henry Morgan.


Henry Morgan, conhecido como o Rei do Bucaneiros ou Morgan, O Terrível, nasceu no País de Gales, provavelmente no ano de 1635.
Morgan era um marujo forte, vistoso e elegante, que fez sua primeira aparição no mundo da pirataria por volte de 1663, quando obteve uma licença corsária ma Jamaica para atacar navios espanhóis em nome da Inglaterra.


Naquela época Espanha e Inglaterra estavam em guerra e muitos piratas ingleses fizeram suas fortunas saqueando e afundando naus espanholas. Mesmo após o fim dessa guerra, porém, Morgan continuam com suas empreitadas pelas águas do Caribe. Hábil negociador e estrategista, Morgan conseguia arregimentar enormes esquadras de piratas e pilhar importantes portos como Porto do Príncipe em Cuba e Portobello no Panamá.
Em 1669 a cidade de Maracaibo na Venezuela foi saqueada por 400 piratas liderados por Morgan. Os relatos da ação dos piratas são assustadores. O francês Alexander Exquemelin, testemunha ocular da ofensiva de Morgan, relatou:
‘’ [3 de março de 1669, Maracaibo, Venezuela]
No dia seguinte à sua chegada, os piratas enviaram um grupo de 100 homens para interrogarem os moradores da localidade sobre os bens pessoais que estes haviam escondido. Retornaram um dia depois trazendo consigo 30 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, além de 50 mulas carregadas com muitas mercadorias. Esses pobres sujeitos tornaram-se prisioneiros e foram torturados até que revelassem o esconderijo de seus bens. Para torturá-los, muitos métodos foram utilizados, dentre os quais o alongamento de braços e pernas por meio de cordas amarradas, ao mesmo tempo em que as vítimas eram agredidas com outros instrumentos. Alguns tinham de segurar fósforos acessos entre seus dedos sob a ameaça de serem queimados vivos. Outros tinham cordas amarradas sobre a face, na altura da testa, que quando puxadas faziam os olhos ficarem esbugalhados. Muitos tipos de crueldades desumanas foram impostas sobre aqueles inocentes e os que não tinham nada a declarar morriam nas mãos dos piratas maldosos. Essas torturas continuaram por três longas semanas, tempo que os piratas aproveitaram para convocar mais pessoas a roubar e atormentar, sem que nunca deixasse de trazer novos tesouros e riquezas. ‘’


A tomada do Panamá foi notavelmente espetacular. Em 1671, o ousado bucaneiro avançou em direção do território panamenho do uma força de 2000 piratas. Durante o saque de Portobello mais de 500 pessoas morreram e os piratas passaram mais de um mês no local para dar conta de pilhar tudo que queriam. Morgan sozinho juntou uma fortuna de 750 mil em moeda espanhola da época!



Uma curiosidade sobre a aventura acima narrada: durante a viagem para o Panamá, os homens de Morgan ficaram tão famintos que foram forçados a devorar malas de couro. Eis aqui a receita (a qual, eu espero, que nunca precisem preparar): ‘‘ Corte o couro em pedaços e deixe de molho. Utilizando uma pedra bata o couro para amaciar. Raspe (as malas de couro da época costumavam ter alguns pelos). Coloque para assar. Mergulhe em água (com algum temperinho) e sirva.
Um demônio para os espanhóis, Henry Morgan era tido como um herói na Inglaterra, tanto que em 1674 ele foi nomeado cavaleiro (tornando-se, assim, Sir Henry Morgan) e foi enviado à Jamaica como governador.
Ao contrário, porém, do que diz a canção do Gênesis Robbery, assault and battery, ‘’...God always fights on the side of the bad man ‘’ (Deus sempre luta ao lado do homem mau. ‘’)em 1683 uma mudança no governo provocou sua remoção do cargo o que ocasionou consideráveis perdas em sua fortuna.
Com a saúde debilitada pelo rum, Morgan faleceu em 1688 e dizem que logo após seu funeral houve uma grande tempestade e que as ondas cobriram seu túmulo e arrastaram o corpo do lendário capitão para as profundezas do oceano, ou seja, para o Baú de Davy Jones!   
Em nossa próxima aventura quero ter a honra de lhes apresentar outro valoroso pirata, Batholomew Roberts, mais conhecido como Black Barty.
Até mais, meus bons marujos! Boa sorte e continuem navegando em mares bravios.