quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O QUE REALMENTE SABEMOS SOBRE O VODU?(PARTE 2)

Hey, Ahoy!
Aqui estamos novamente. Vamos continuar nossa parole (é como nós piratas chamamos ‘’uma conversa’’) sobre o Vodu?
Eu havia prometido falar sobre os famosos bonecos, então vamos nós.
Os tais bonecos existem e funcionam. Mas primeiramente preciso contar como eles são feitos. Em geral os bonecos são feitos de pano e cheios com diversos tipos de ervas, dependendo do que queira alcançar. O boneco deve contar também algo vindo da pessoa que ele representa. Pode ser cabelo, unha, pedaços da roupa ou sangue (mas é mais difícil de conseguir, não acham?).

Agora, para o boneco funcionar, a ‘’vítima’’ tem que saber de sua existência. Ou seja, não vai adiantar nada um voduísta fazer um boneco de uma pessoa que está a milhares de léguas distante e nunca vai saber que fizeram um boneco dela. Percebemos então que o que funciona é a sugestão! É tudo bem psicológico. 
O mesmo ocorre com os patois (patuás) que são um tipo de amuleto para trazer algum tipo de benefício para a pessoa que o carrega.
Os patois são saquinhos de pano contendo também ervas com significados especiais e algo que represente o que a pessoa quer conseguir. Por exemplo, se a pessoa quiser atrair algo o patois poderá conter um pedaço de imã. Se a pessoa quiser afastar, se proteger de algo, um pedaço de carvão (o carvão é um filtro) será colocado dentro do saquinho. Mas para funcionar, é preciso crer. É assim em todas as religiões. 
Agora, a preparação de patois, amuletos em geral, elixires e poções está, na verdade, mais relacionada com o Hoodoo, o qual seria algo como uma alquimia do Vodu e, um grande parte, responsável pela associação que as pessoas fazem do Vodu com magia negra.
O Hoodo (ou Hodu) surgiu nas Américas onde os africanos encontraram uma infinidade de ervas medicinais e entraram em contado com os índios americanos que já faziam usos de tais ervas.
O que os meus bons marujos podem ter notado é que o Vodu praticado nas Américas não é o culto original que ainda existe lá em Benin. É por esse motivo que há no Vodu Haitiano e nas Américas em geral algumas divindades que não são cultuadas na África.  O Hoodoo é mais praticado nos estados sulistas dos Estados Unidos.
A mais conhecida dessas divindades (chamados Loas) características do Vodu haitiano é o Baron Samedi (Barão Sábado), um ‘’defunto (vivo)’’ vestindo fraque, cartola, carregando uma bengala e fumando um charuto. O Baron Samedi, o guardião do mundo dos mortos, é representação típica dos zumbis que vemos em filmes de terror. Muitas pessoas já se apropriaram da imagem do Baron Samedi, incluindo Mick Jagger para seu visual na turnê do álbum Voodoo Lounge.  
Outro Loa haitiano é o Papa Legba, geralmente representado como um negro velho com chapéu de palha. O Papa Legba é um intermediário (o que às vezes é entendido também como mensageiro ou tradutor) entre o mundo dos espíritos e nosso mundo.

Bem, chegou a hora de ancorar. Em nossa próxima viagem vou falar com grande prazer e orgulho sobre alguns dos mais famosos piratas de todos os tempos. Estarei esperando por vocês neste mesmo porto.
Até mais. Fiquem em paz e boa sorte!


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O REALMENTE SABEMOS SOBRE O VODU? (parte 1)


Poucos assuntos já foram tão explorados, seja em filmes, músicas, livros, histórias em quadrinhos, ou qualquer outro tipo de mídia que se possa imaginar, quanto o vodu. De mesma forma, nunca tanta besteira já foi escrita e falada sobre um tema como tem sido feito com o Vodu.
Danado com essa injustiça, o velho Capitão Smedley vai tentar deixar o assunto mais claro para seus bons marujos e passageiros.


Primeiramente, Vodu é uma religião, tão bem estabelecida e organizada quanto qualquer outra religião que conhecemos. É sabido que desde de o século XVI, quando os europeus tiveram os primeiros contatos com o Vodu, lá em Benin (antigamente chamado Daomé), na costa noroeste da África, ele já era uma religião complexa e altamente organizada, sendo assim bem possível que tenha surgido muitos e muitos séculos antes.


 Agora, por que podemos dizer que o Vodu é uma religião? Porque ele apresenta todas as características que as demais religiões apresentam: rituais, dogmas, divindades, batismo, iniciação, sacerdócio e graus de sacerdócio. Se elaborássemos um quadro comparativo colocando o Vodu lado a lado com qualquer religião – Cristianismo, Budismo, Islamismo, etc – teríamos que todos os elementos seriam igualmente preenchidos.
A palavra Vodu significa espírito, pois se acredita que tudo que existe na natureza possui um espírito e, assim, a religião basicamente consiste em equilibrar os espíritos das pessoas, dos praticantes, com as forças da natureza. A força major da natureza, segundo o Vodu, é Mawa Lisa, mas há diversas outras divindades, as quais diferem em relação ao Vodu original praticado em Benin e o Vodu praticado nas Américas. 
Assim como em outras religiões, há uma iniciação no Vodu, um batismo. No Haiti, onde o Vodu é realmente a principal religião, essa iniciação é realizada no rio Sucry.
          

Uma pessoa inicia-se no Vodu como praticante e vai aprendendo cada vez mais até, possivelmente chagar ao nível de sacerdote ou sacerdotisa (conhecidos como Papas e Mamas), mas mesmo assim o aprendizado nunca termina.
Uma coisa interessante sobre o Vodu, notada por alguns marujos que viram rituais é que havia muitas imagens de santos Católicos juntamente com estatuário de divindades Africanas. Isso se deve ao mesmo fato que ocorreu com as religiões Afro-Brasileiras, quando os africanos foram trazidos como escravos para as Américas eles foram proibidos de cultuar seus deuses originais, então como as religiões da África são muitos ‘’visuais’’ (ele precisam ter ‘’alguém’’, algo visível a quem se dirigir) eles adotaram os santos Católicos em substituição.
Mas então o Vodu não é usado para o mal? Pode ser! E já foi muito usado com propósitos maléficos, especialmente no Haiti durante a ditadura de François Duvalier, que governou o país de 1971 até 1986. Duvalier ficou conhecido como Papa Doc (Papa, como vimos é título usado pelos mestres, pelos sacerdotes do Vodu; Doc porque Duvalier era médico) usou a crença do povo haitiano no Vodu para instaurar um governo de terror baseado no poder da religião e na brutalidade de sua guarda pessoal, os temidos Tontons Macoutes.
As pessoas acreditavam que Papa Doc podia transformá-las em zumbis. E na verdade, ele podia mesmo! É que valendo-se de seus conhecimentos médicos e também de Vodu, Papa Doc aprimorou um poderoso alucinógeno conhecido pepino de zumbi, há muito já conhecido no Haiti.


O pepino de zumbi (que na verdade é mais como uma vagem do que um pepino) possui fortes alcalóides que podem baixar todas as funções vitais a um mínimo possível sem matar a pessoa que o ingeriu. Quase tudo na pessoa fica imperceptível: batimentos, pulso, respiração. É como se a pessoa estivesse mesmo morta.
Depois de um tempo a pessoa volta do ‘’transe’’, mas já está viciada na substância e com suas funções cerebrais totalmente comprometida. Os antigos donos de terras do Haiti costumavam alimentar seus escravos com esse vegetal para que eles trabalhassem horas fio sem parar para comer, beber água ou reclamar.


Um truque muito usado por Duvalier para inspirar terror na população era fazer uma pessoa que tivesse se oposto ao seu governo ingerir a substância, ser dada como morta e enterrada, dias depois a ela era vista sendo retirada do túmulo a andando novamente, agora servindo ao ditador. Surgiram daí as histórias de zumbis tão exploradas nos filmes de terror B. É claro que os zumbís não andam por aí caindo aos pedaços e comendo cérebros!   


Agora está na hora de procurarmos um porto seguro para descansarmos. Na próxima semana continuarei a contar mais sobre o Vodu e falarei sobre os tão temidos bonecos, as poções e elixires, os patois, as diferenças entre o Vodu praticado na África  e nas Ámericas e o Hodu.
Até lá. Fiquem em paz e boa sorte.  






domingo, 11 de setembro de 2011

Bem vindos a bordo!

O Capitão Smedley saúda a todos, passageiros e membros da tripulação.
Esta é nossa primeira viagem, nosso primeiro encontro e o momento de saber o que veremos em nossas próximas aventuras.
Se tudo ocorrer de acordo com meus planos, ou seja, se não for capturado pelos espanhóis, se não sofrer um naufrágio, se meu navio não for bombardeado...Bem, todos sabem como são perigosos estes sete mares!
Se nada disso acontecer, nas próximas semanas nos encontraremos para falarmos especialmente sobre a história da pirataria e os piratas mais famosos e sanguinários de todos os tempos.
Mas não é só a pirataria que anima o coração do velho Capitão Smedley. Pouca gente sabe, mas quando não estou pilhando navios, invadindo vilas costeiras e atormentando o bom rei da Espanha, eu gosto de escrever poesia e compor música. Um pouco da minha música e  poesia está reunido em um trabalho chamado ‘’Tales from the Sea’’, o qual meus amigos poderão conhecer melhor em breve.
Além disso, falaremos sobre literatura, rock (sou um grande fã de heavy metal e rock progressivo), os sufis, criptozoologia (a ciência que estuda seres míticos), Judaísmo e a cabala e até mesmo vudú!
Como devem ter notado, o velho capitão é bem eclético. Essa é uma das vantagens de ser tão...antigo! Estou por aqui desde  o século XVII e tive tempo de ver e aprender muitas coisas.
Bom, é hora de lançar âncora e recolher as velas por hoje. Até a próxima viagem, meus bons marujos!